quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Quarto Capítulo - Disponível!

Capítulo 4

O alarme soava por todo Palácio Papal, os corredores estavam lotados de religiosos e turistas desesperados que corriam de um lado para o outro, a Praça de São Pedro se tornou motivo de silêncio pelo seu escoamento. O alarme no Vaticano já não era tocado há muito tempo, desde pequenos incêndios ou tentativas de roubos.
Todos estavam apavorados, um homem que passava por duas velhas mulheres gritava desesperado levando as mãos à cabeça:
- Sofremos um atentado, o Papa morreu, sofremos um atentado. Deus nos salve! (continue lendo)

Mas ninguém sabia o que havia ocorrido de fato, ninguém mais saia ou entrava sem permissão. Policiais e forças táticas estavam a caminho, e foi nesse momento que a praça se encheu de gente que se ajoelhava e gritava em coro:
- Papa nos salve! – em vão falavam. Só se observava as finas cortinas brancas nas janelas do palácio.
Todo o tumulto ali havia sido formado após o boato vindo de um grupo de senhores que estava na praça em frente ao palácio.
- Eu vi um homem estranho pulando da janela, eu ouvi os estilhaços de vidros e também senti a fúria que aquele homem tinha – dizia eles há poucos minutos a todos que passavam, estavam assustados, loucos.
Dentro do palácio, tudo silencioso e doentio, pessoas sentadas, algumas chorando e outras comentando sobre o que era suspeito. Um menino que estava sentado aos pés da mãe, perguntou a mulher:
- Mamãe, por que dizem que mataram o Papa? Por que as pessoas matam?
A mulher sorriu para ele e respondeu:
- Filho, as pessoas matam, porque são más – sorrindo mais uma vez ao passar a mãos nos cabelos loiros do menino.
As múltiplas escadarias que iam de um lado para o outro, mantinham-se infestadas de pessoas quietas e cabisbaixas, essas eram turistas que tiveram a infelicidade de estarem ali justamente naquele momento.  A Sala Papal ficava em algum dos andares de cima e ali dentro também havia grande segurança dos guardas.
De repente a porta principal foi escancarada com um forte solavanco.
- Todo mundo quieto, por favor, ninguém sai – ordenava um policial alto de roupa preta.
Atrás dele entrou toda uma equipe de policiais de força tática e força civil, por último um homem carrancudo com um formoso maxilar, trazendo na cabeça uma boina militar. O homem passou rapidamente pelas pessoas e seguiu pelas escadas juntos aos demais homens, passaram por galerias, salas e mais escadas, até encontrarem a porta da sala do Papa.
Não estava trancada, percebeu um deles ao girar a maçaneta e escutar um estalo da fechadura. Com cuidado foram abrindo e quase caíram de costas ao verem a imagem, o local só ficou ainda mais silencioso, nenhum homem se mexeu e o robusto carrancudo de boina cortou o grupo e entrou de uma vez só na sala, também se assustou com o que via.
O corpo de Emannuel estava assustadoramente pregado na parede, virado de cabeça para baixo, o que deixava o local mais assustador, o braço socado quase que até o cotovelo na garganta e os olhos abertos do homem se tornava praticamente o pior assassinato que todos eles já haviam visto.
- Homens! Vamos ao trabalho! Peguem tudo de suspeito e retirem o corpo do Papa dali – disse o militar de boina, o nome dele era Sherigan, chefe do grupo.
Um grupo tirava fotos, outros vasculhavam o que restou das prateleiras e dos vasos, um outro grupo retirava o corpo do parede com um pouco de dificuldade.O tenente da policia sussurrou para seu parceiro ao lado:
- Meu Deus, o demônio passou por aqui?
- Creio que sim tenente Sherigan – respondeu um policial ao bater nas costas do tenente – Olhe só a janela, totalmente estilhaçada, o sujeito deveria ser de aço, pois sobreviveu ao cair lá embaixo.
Do lado de fora, as pessoas aguardavam atentas a qualquer notícia, mais ou menos dez carros policiais estavam parados na praça, ninguém sabia o que fazer, todos olharam para a janela no alto do palácio ao verem Sherigan olhar para todos lá embaixo.
Um carro preto virou a esquina com toda a velocidade e atravessou a praça inteira, com quase uma rotação de 360 graus estacionou o carro em um dos cantos do local, era um legítimo Porsche Cayman, com rodas e pintura invejáveis. As pessoas desviaram os olhares para o automóvel, mas se voltaram rapidamente para janela.
Dentro do carro saiu uma moça de cabelos castanhos, fechou a porta do carro e foi em direção a porta de entrada ao palácio, porém foi barrada por guardas, sendo permitida ao entrar quando disse para um deles:
- Sou da equipe de Sherigan, ele me chamou rapidamente – dizia ele exibindo sem querer as curvas do corpo.
- Tudo bem senhorita, pode entrar – o guarda permitiu sem demonstrar nenhum tipo de sentimento.
Na verdade, aquela era Celine Baltmore, e não tinha ligação nenhuma com a policia, era uma nova repórter prestes a sabotar as ordens de militares. As pessoas lá dentro a olharam enquanto subia as escadas e novamente o menino perguntou a mãe:
- Por que mulheres são tão corajosas a ponto de passar por ordens?
- Filho... As mulheres evoluíram muito e são iguais aos homens, porém muitos não vêem isso nos dias de hoje meu querido.
Celine subiu a última escada, espiando pelo canto da porta, viu o trabalho dos homens e se segurou em uma estatueta na parede para não cair com o susto, pegou a pequena câmera sem flash e fotografou a imagem de Emannuel sendo arrancado da parede. Era horrível, algo que ela jamais pensou que aconteceria. Depois o colocaram em um saco preto de couro.
Nesse momento a moça se escondeu atrás de uma enorme cortina escura, com medo de ser descoberta ali, ficou abaixada, e quieta o bastante para ouvir as vozes que vinham de dentro da sala.
- Senhor, está tudo pronto. Pegamos alguns objetos pessoais e outros da sala mesmo, para melhor identificação de pistas sobre o ocorrido aqui – informava um policial de alta estatura.
- Tudo bem pessoal, vamos evacuar a área e fechar a porta – ordenou novamente o tenente, enquanto um deles terminava de demarcar a área com uma faixa de segurança.
 Os homens saíram rapidamente, passando por Celine e quase encostando o saco preto na cortina, o saco que estava meio que entre aberto, deixou escorregar sem ser percebida uma mão do corpo, que fora arrancada para ser despregado da parede. A mão foi para bem perto do pé da moça, isso fez com que ela segurasse um grito de pavor que poderia ter custado o seu esforço até ali.
Desceram a escadaria e só quando não se ouviu mais nada a e o lugar caiu em solidão, foi que a repórter saiu de trás da cortina e não hesitou em chutar a mão para longe, a parte mutilada foi rolando degrau a degrau, indo parar no salão no andar de baixo.
Tentou abrir a porta, mas não conseguiu, pegou duas pequenas presilhas que prendiam seus cabelos em um penteado jovem, deixando solto. Com as presilhas nas pontas dos dedos, ela mexeu dentro do miolo da maçaneta e ouviu um “tique”, a porta havia sido aberta. Empurrando devagar e colocando uma parte do corpo após a outra, ela se deteve dentro da sala. A bagunça era evidente, só um pouco mais organizada pelos policiais e lotada de sangue para poder manter a possibilidade de pistas, a sala se tornava sombria a cada segundo, fria e ainda mais solitária do que a própria mente da moça.
Ela não hesitou em procurar qualquer coisa, foi até a mesa e abriu todas as gavetas, só encontrou alguns papéis. Entre as prateleiras, alguns livros e pedaços de vidro, quando se virou viu a mesma imagem de Jesus na parede, mas estava normal, a janela parecia ter sido atingida por uma bomba, havia um enorme buraco nela.
Na parede onde o corpo tinha sido pregado, quatro pequenas estatuetas estavam enterradas até a metade, provavelmente serviram de pregos nas mãos e pés do religioso.
Aquilo fez com que ela sentisse um arrepio bem forte, na sala tinha outra porta, estava aberta. Não era uma porta para outro cômodo, mas sim era um guarda roupas, alguma troca de túnicas e batinas estavam emboladas e outras até que arrumadas e cabides. Celine não deu muita atenção a isso.
Vendo que nada tinha ali, ela se perguntou:
- O que faço aqui? Sou uma detetive ou uma repórter? – quando se virou, o que menos esperava aconteceu, Sherigan entrou acompanhado de mais dois policiais. Celine ficou gelada de espanto, não sabia o fazer.
- Senhorita Celine, o que faz aqui? E por que mentiu aos guardas que fazia parte da equipe? – via-se nos olhos do homem que sua raiva chegava ao extremo.
- Por que passou por cima das minhas ordens? – gritava ele sem tomar fôlego e cuspindo.
Ela ficou quieta, sem nada a dizer, ouviu mais uma vez a voz do tenente, grossa o bastante para ser irritante.
- Sabia que pode ir parar na cadeia por isso? Por desobedecer à lei e a ordem?
- Sim, eu sabia – começou ela, sentando-se na mesa, mostrando as belas pernas que o short curto deixava exibir. O olhar do policial desviou para esse detalhe, mas logo se perdeu em raiva de novo e olhou friamente para a moça.
- Eu sabia... Mas como todo ou toda repórter, precisamos de notícias, para ganhar o nosso pão, não é mesmo? E é isso que nos nivela diante dos demais – dizia dando um sorriso amarelo.
Com os cabelos ainda soltos, combinando levemente com os olhos também castanhos, a repórter estava com uma blusinha branca que cobria até a metade do zíper do short, sem mangas viam-se os braços sensíveis da moça.
Sherigan chegou bem perto do rosto dela e sussurrou:
- Mas nada, nada mesmo passa por cima de minhas ordens, está entendido? E dá próxima vez se vista adequadamente antes de entrar em um local santo.
Celine se manteve quieta e voltou a ficar de pé.
- Agora saia daqui e espero te ver logo na delegacia, receberá uma chamada para depor, pois foi encontrada no local do crime, se tornando desde já suspeita.
Ela olhou sem entender mais nada.
- Suspeita?
- Sim, espero que estejamos entendidos.
Celine ficou confusa, mas não perdeu a elegância e saiu do palácio sem dizer mais nada.
A praça ainda lotada de pessoas que agora tinham certeza de alguma coisa. A igreja havia sido vítima de um atentado e o Papa vítima de um assassinato.

Um comentário:

  1. Celine é um tanto misteriosa não? Gostei do destaque que deu as mulheres nesse capítulo..

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